HUSM-UFSM retoma tratamento de irradiação de corpo total para pacientes do SUS


O retorno da Irradiação de Corpo Total no HUSM contribui para o avanço da saúde pública em Santa Maria e região

O Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), reestabeleceu a oferta do tratamento radioterápico com Irradiação de Corpo Total (TBI) para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) que necessitam de transplante de medula óssea. A técnica representa um importante avanço no cuidado oncológico, especialmente para aqueles que enfrentam condições que exigem esse procedimento.

A Irradiação de Corpo Total é um procedimento que utiliza grandes campos de radiação em todo o corpo do paciente. A técnica emprega feixes de fótons de megavoltagem e, por ser uma dose baixa, permite que os tecidos normais possam se recuperar. O médico hematologista do HUSM, Gustavo Fischer Brandão, destacou que “o TBI é especialmente benéfico para pacientes com leucemia linfoide aguda, pois a radiação total ajuda a eliminar focos da doença em todo o corpo. Os tratamentos convencionais não conseguem esse efeito, tornando o TBI um dos melhores métodos disponíveis para o transplante em casos de leucemia linfoide aguda”.

O TBI é uma parte importante do preparo para o transplante de medula óssea, pois elimina células doentes e suprime o sistema imunológico, reduzindo o risco de rejeição. Além disso, o procedimento pode ser indicado para outros tipos de câncer, como linfomas e leucemias, em casos específicos que exigem a irradiação de todo o corpo. O tratamento, suspenso em 2012, foi retomado há 3 anos.

Cada caso é cuidadosamente avaliado pela equipe do HUSM. Como explicou o hematologista, “o TBI irradia todo o corpo de forma homogênea, o que é essencial em tratamentos como o transplante de medula óssea. Isso o distingue da radioterapia localizada, que atinge áreas específicas. O TBI não só elimina células cancerígenas, mas também prepara o sistema imunológico para o transplante, aumentando as chances de sucesso”.

A equipe do HUSM está bem-preparada para gerenciar os possíveis efeitos colaterais da Irradiação Corporal Total, que podem incluir náuseas, vômitos, fadiga intensa, mucosite e diarreia. “Nós, do setor de radioterapia, contamos com uma equipe multidisciplinar que oferece suporte médico, físico e técnico. Utilizamos radiação ionizante para a administração terapêutica no paciente submetido ao TBI, assegurando a entrega precisa da dose e da taxa de dose, em conformidade com protocolos internacionais, garantindo a máxima eficácia e segurança no tratamento”, explicou o físico médico da Unidade de Hematologia e Oncologia do HUSM, Herculis Rolins Torres.

Cuidado especializado em todas as etapas

Segundo Herculis, “O tratamento de TBI envolve uma equipe multidisciplinar altamente qualificada, já que é um processo delicado e requer atenção a vários aspectos da saúde do paciente. No HUSM, por exemplo, trabalhamos com profissionais de diversas áreas para garantir a segurança e o bem-estar dos pacientes em todas as etapas”. O especialista descreveu a função dos profissionais envolvidos no processo, confira:

O radioterapeuta é o principal responsável por planejar e coordenar o tratamento com TBI. Ele define a dose de radiação necessária e como ela será administrada. Esse especialista também está envolvido no monitoramento da resposta do paciente à radioterapia, ajustando o plano se necessário.

Os físicos médicos desempenham um papel fundamental no processo de cálculo e segurança da dosagem. Eles garantem que a radiação seja distribuída de maneira precisa e homogênea por todo o corpo, utilizando tecnologias avançadas e simuladores para evitar danos a órgãos sensíveis. Eles são os guardiões da precisão no tratamento.

Na aplicação diária, os técnicos em Radioterapia são responsáveis por operar os equipamentos e garantir que o paciente esteja posicionado corretamente para receber a radiação. Eles são essenciais para que o procedimento ocorra com segurança, além de dar apoio técnico durante as sessões.

Além disso, ooncologistas clínicos acompanham o paciente de forma geral, desde a indicação do TBI até o controle de possíveis efeitos colaterais. Eles trabalham em conjunto com o radioterapeuta para adaptar o tratamento à condição clínica do paciente.

equipe de Enfermagem especializada também tem um papel central. Eles monitoram de perto os sinais vitais, ajudam a gerenciar os efeitos colaterais imediatos, como náuseas ou fadiga, e prestam cuidados diários, garantindo que o paciente esteja confortável e recebendo todo o suporte necessário.

Outra área essencial é a Nutrição Clínica. Como o TBI pode causar perda de apetite e problemas gastrointestinais, os nutricionistas trabalham para manter o paciente nutrido e saudável durante todo o tratamento, oferecendo orientações personalizadas para minimizar esses efeitos.

A equipe conta ainda com psicólogos. O TBI e o transplante de medula óssea são processos desafiadores não só fisicamente, mas emocionalmente. Esses profissionais acompanham o paciente e sua família, ajudando-os a lidar com o estresse, ansiedade e outros impactos psicológicos que podem surgir durante o tratamento.

E, como completou Herculis, “todo o acompanhamento é coordenado por um time de especialistas, que se reúne regularmente para discutir o progresso do paciente e garantir que todas as necessidades sejam atendidas de forma integrada. Com esse esforço conjunto, conseguimos oferecer um tratamento eficiente e, ao mesmo tempo, humanizado”. Em 2024, já são cinco pacientes atendidos com a Irradiação de Corpo Total no HUSM.

Sobre a Ebserh

O HUSM-UFSM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

 

Fonte Por Andreia Pires

Foto: Ana Carolina Zago Mendes – Estagiária do Curso de Jornalismo no HUSM

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh