Santa Maria orienta população sobre os principais cuidados em caso de acidente com escorpiões


Em comunicado emitido nesta quarta-feira (15), a Prefeitura, por meio da Secretaria da Saúde, informa ter encontrado um exemplar de escorpião-amarelo (Tityus serrulatus) pela primeira vez no Município e orienta a população sobre como proceder em caso de acidentes com escorpiões. O comunicado, assim como as orientações de alerta à população e aos serviços de saúde, podem ser lidos na íntegra nos documentos em anexo.

“É importante a população ficar atenta, pois é nas épocas mais quentes que o escorpião se reproduz com maior frequência. Em caso de acidente, a orientação é que a pessoa recorra ao serviço de saúde mais próximo. Santa Maria possui estoque estratégico de soros antivenenos, incluindo o de escorpião, que serve também aos municípios vizinhos”, pontua o secretário de saúde Guilherme Ribas.

Os escorpiões pertencem à família dos aracnídeos e têm maior incidência nos meses mais quentes e úmidos (entre outubro e março). Diferentemente do escorpião preto (Bothriurus bonariensis), que apresenta veneno com menor poder toxicológico e cuja presença no Município e no Estado é mais comum, o escorpião-amarelo possui veneno de alta toxicidade e é a espécie responsável pelo maior número de acidentes graves com animais peçonhentos no Brasil, com registro de óbitos – motivo pelo qual são considerados de importância médica.

A espécie, que até então não havia sido avistada em Santa Maria, possui as pernas e a cauda amarelo-claro e o tronco escuro. É considerada uma espécie oportunista, pois tem alta taxa de reprodução, alta adaptabilidade, tolerância a ambientes inóspitos, curto ciclo de vida e necessita de um único animal para colonizar novas localidades (partenogenéticos). Possui hábitos noturnos e durante o dia escondem-se sob cascas de árvores, pedras, tijolos e dentro das residências (principalmente calçados).

Dados do SUS apontam que em 2023 foram 83 casos notificados de acidentes por animais peçonhentos em Santa Maria, dos quais 4 por picada de escorpião. No mesmo ano, foram registrados 845 casos de acidentes com escorpiões em todo o Estado. Destes, 16 eram de escorpião-amarelo.*

PRESENÇA REGISTRADA

O exemplar de escorpião-amarelo foi encontrado em Santa Maria no dia 8 de janeiro, nas dependências de uma empresa no Bairro Pé de Plátano. Agentes de Saúde Pública e Vigilância Ambiental coletaram o espécime, realizaram uma inspeção no local na busca por outros exemplares e comunicaram o ocorrido à 4ª Coordenadoria Regional de Saúde e ao Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT/RS).

No dia 10 de janeiro, uma nova inspeção foi realizada no local e, assim como na busca anterior, nenhum outro exemplar foi encontrado. Na terça-feira (14), o Município recebeu o laudo do CIT/RS que confirma o espécime como sendo T. serrulatus. A hipótese é que este animal tenha sido transportado em embalagens, pallets, ou outro material de forma passiva, como frequentemente ocorre.

Em contribuição à saúde pública, a presença do escorpião-amarelo deve ser informada à Superintendência de Vigilância em Saúde de Santa Maria pelo telefone (55) 3174-1581 (ramal 3). O horário de atendimento é das 8h às 12h e das 13h30min às 17h30min.

EM CASO DE ACIDENTE COM ESCORPIÃO

• Limpar o local com água e sabão;
• Aplicar compressa morna no local;
• Procurar o serviço de saúde mais próximo para que possa receber o
tratamento o mais rápido possível;
• Se for possível (com segurança e desde que não leve muito tempo, pois a prioridade é o atendimento médico urgente), capturar o animal (usar pinça longa ou algo semelhante e pote com tampa) e levá-lo ao serviço de saúde
• Não fazer torniquete ou garrote, não furar, não cortar, não queimar, não espremer o local da picada;
• Não fazer sucção no local da ferida;
• Não aplicar qualquer tipo de substância sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina, pó de café, terra), nem fazer curativos que fechem o local, pois isso pode favorecer a ocorrência de infecções;
• Não ingerir bebida alcoólica, álcool, querosene, gasolina ou fumo no intuito de tirar a dor, pois além de não agir contra o veneno, ainda poderá causar complicações no quadro clínico;
• Não colocar gelo ou água fria no local da picada, pois acentua a dor.

COMO PREVENIR ACIDENTES COM ESCORPIÃO

• Manter jardins e quintais limpos;
• Evitar o acúmulo de entulhos, folhas secas, lixo doméstico e materiais de construção nas proximidades das casas; Evitar folhagens densas (plantas ornamentais, trepadeiras, arbusto, bananeiras e outras) junto a paredes e muros das casas;
• Manter a grama aparada;
• Limpar periodicamente os terrenos baldios vizinhos, pelo menos, numa faixa de um a dois metros junto às casas;
• Sacudir roupas e sapatos antes de usá-los, pois aranhas e escorpiões podem se esconder neles e picam ao serem comprimidos contra o corpo;
• Não pôr as mãos em buracos, sob pedras e troncos podres. Usar calçados e luvas de raspas de couro para atividades em que seja preciso colocar a mão e pisar em buracos, entulhos e pedras;
• O escorpião apresenta hábito noturno, e assim, para evitar sua entrada nas casas, deve-se vedar as soleiras das portas (com saquinhos de areia, panos ou veda porta) e janelas quando começar a escurecer. Se for possível manter a vedação por todo o dia é o mais adequado;
• Usar telas em ralos do chão, pias ou tanques;
• Vedar frestas e buracos em paredes, assoalhos e vãos entre o forro e as paredes, consertar rodapés despregados, colocar telas nas janelas;
• Afastar as camas e berços das paredes;
• Evitar que roupas de cama e mosquiteiros encostem-se no chão;
• Não pendurar roupas nas paredes;
• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes que possam ser mantidos fechados, para evitar baratas, moscas ou outros insetos que servem de alimento para os escorpiões;
• Preservar os inimigos naturais de escorpiões e aranhas: aves de hábitos noturnos (coruja, joão bobo), lagartos, lagartixas, sapos e gambás.

• Acesse aqui o documento com orientações para população

SINTOMAS E TRATAMENTO

• Dor local, inchaço leve, vermelhidão e suor. Especialmente em crianças e idosos, os sintomas são mais severos, normalmente acompanhado de alterações cardíacas, tremores, espasmos que podem evoluir para choque cardiocirculatório e edema agudo de pulmão. 
• O tratamento específico consiste na administração do Soro Antiescorpiônico (SAEsc) ou Soro Antiaracnídico (SAA).

• Acesse aqui o documento com orientações para serviços de saúde

* Fonte: Relatório de atendimentos do Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS); e Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan/DATASUS)

Texto: Lenon de Paula  
Fotos: Prefeitura de Santa Maria