Federasul: Trabalho, renda e qualidade de vida na véspera do Dia do Trabalhador


Na véspera do dia do trabalho, a FEDERASUL trouxe para o debate, as relações trabalhistas. No início de sua fala, o presidente da FEDERASUL, Rodrigo Sousa Costa, lembrou um ano da enchente que devastou o Rio Grande do Sul e destacou que 30 de abril marca o Dia Internacional do Associativismo — uma data simbólica para refletir sobre o papel coletivo na reconstrução do Estado. 

“A tragédia nos fez enxergar com mais clareza a nossa interdependência como sociedade. A ruptura da mobilidade, das rotinas e das estruturas nos revelou o quanto é essencial a geração de empregos e a força do empreendedorismo”, afirmou.

Rodrigo ressaltou ainda que as empresas não existem isoladamente — pequenas e grandes são interdependentes — e que a cooperação entre elas foi fundamental para enfrentar as adversidades. Segundo ele, discutir trabalho, renda e qualidade de vida na véspera do Dia do Trabalho reforça a necessidade de valorizar o que realmente sustenta o desenvolvimento.

“Precisamos trabalhar, produzir riqueza e nos unir. Empreender é assumir riscos, e a tragédia climática que enfrentamos trouxe perdas irreparáveis. Fomos vítimas de uma situação sobre a qual não tivemos escolha. Mas temos, sim, o poder de escolher como reagir e qual caminho seguir”, completou.

O presidente concluiu dizendo que o debate proposto pela FEDERASUL busca construir soluções que promovam qualidade de vida sem comprometer o trabalho, a renda e os pilares fundamentais do empreendedorismo. 

Desafios para o setor produtivo

No olhar e no sentimento do empresário Rafael Goelzer, há grandes desafios relacionados ao respeito ao trabalho, à manutenção dos postos e à viabilidade das empresas em continuar empregando. 

“Estamos preocupados em manter empregos de forma salutar, com o máximo retorno e benefícios para o trabalhador, garantindo sustentabilidade econômica para que o Brasil possa crescer.”

Ele sugeriu que a redução dos encargos trabalhistas poderia ser revertida em favor do trabalhador, permitindo que este optasse por diminuir sua jornada sem perda de renda ou manter a jornada e aumentar seus ganhos. E acrescentou que “a realidade econômica da população impede que o trabalhador consiga poupar ou planejar o futuro.” 

Sobre a atualização da Norma Regulamentadora (NR-1) – que incluiu fatores de risco psicossociais no ambiente de trabalho, por meio do Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO), – Goelzer defendeu a necessidade de reconstruir a discussão, principalmente em relação às responsabilidades das empresas na identificação de questões subjetivas, que geram insegurança jurídica. 

Ele também alertou para o “apagão da mão de obra” e citou uma pesquisa da FGV-Ibre indicando que 60% das indústrias relataram ter vagas abertas que não conseguiram preencher. As construtoras relataram 82% de dificuldade, os serviços 58% e o varejo 77%. E chamou atenção para o recorde de inadimplência: 6,9 milhões de empresas inadimplentes em 2024. 

Saúde mental e produtividade

Um dos pontos enfatizados pelo secretário Luiz Felipe Brandão de Mello foi o impacto da saúde mental nas relações de trabalho. Ele ressaltou que o adoecimento mental é um dos principais fatores de afastamento dos trabalhadores. 

“A forma como o trabalhador se sente no ambiente de trabalho influencia diretamente sua produtividade. A saúde mental é determinante.”

O secretário também mencionou a alta rotatividade no mercado de trabalho e o aumento no número de pedidos de desligamento voluntário. Entre os motivos estão a insatisfação com a remuneração, a busca por qualificação e a percepção negativa do emprego formal. 

Sobre o microempreendedor individual (MEI), Mello afirmou que há fraudes que precisam ser combatidas, como o uso da categoria por empregadores para reduzir encargos trabalhistas, ao registrarem funcionários como microempreendedores. 

“Ser empregado parece ter perdido o prestígio, o que impacta diretamente a formalização”, observou.

Mello observou que existem mecanismos de transição para os beneficiários do Bolsa Família que desejam ingressar no mercado formal, e destacou que o auxílio é uma política necessária, “mas precisa ser transitória”, com foco na autonomia baseada em emprego e renda. 

Previdência e formalização

O deputado Pompeo de Mattos abordou a falta de preparo da população em relação à previdência social: “Não há educação previdenciária no Brasil”, afirmou. Para ele, há uma nova realidade em formação com o crescimento do número de MEI, o que mistura as figuras de empreendedor e trabalhador. Embora seja um caminho para a formalização, o modelo ainda apresenta fragilidades.

“O MEI ainda é um contribuinte aquém do ideal. É necessário criar regras mais claras e justas para esse modelo”, defendeu.

Pompeo também observou que o MEI não é “enxergado como deveria”, mas acredita que em breve ganhará maior força política e econômica. Outro ponto destacado foi a resistência de muitos trabalhadores à formalização por medo de perder benefícios sociais. O deputado propôs mudanças na legislação que permitam aos trabalhadores sazonais, por exemplo, atuarem sem abrir mão dos auxílios que já recebem, como forma de estimular a transição para o trabalho formal.

Fonte e foto NGF Assessoria e imnprensa