Na noite da ultima quarta-feira, dia 14 de maio, moradores de diversas regiões do Brasil foram surpreendidos por um espetáculo luminoso nos céus: a reentrada do ASIASAT 8 Falcon R/B, uma peça remanescente de um foguete Falcon 9, lançado pela SpaceX em 2014. O fenômeno foi registrado por câmeras e celulares no Distrito Federal, Goiás, Sul da Bahia e Minas Gerais, gerando grande repercussão nas redes sociais.
Muitos acreditam que se tratava de um meteoro, no entanto, de acordo com o Projeto Exoss, parceiro do Observatório Nacional (ON/MCTI), o rastro luminoso no céu foi de lixo espacial entrando na atmosfera terrestre.
O que era o ASIASAT 8 Falcon R/B?
O objeto identificado pelo código NORAD 40108 era um corpo de foguete (rocket body) utilizado no lançamento do satélite de comunicações ASIASAT 8, destinado à região Ásia-Pacífico. Após mais de uma década em órbita, sua trajetória decaiu gradualmente, resultando na reentrada controlada pela física, mas sem intervenção humana.
Imagem: Reprodução/Rede Sociais
De onde veio e para onde foi?
Inicialmente, previsões divulgadas por Joseph Remis, conhecido observador da área, indicavam a possibilidade de reentrada por volta das 20:37 UTC sobre o Oceano Pacífico. No entanto, a natureza altamente excêntrica da órbita do ASIASAT 8 Falcon R/B dificultou cálculos precisos.
Com atualizações posteriores, confirmou-se que a reentrada ocorreu mais tarde, às 21:26 UTC (18h26 no horário de Brasília), com ponto final no Oceano Atlântico, nas coordenadas 15.7S, 43.3W, a leste da costa da Bahia.
Reprodução/Rede Sociais
Um espetáculo visível no centro-oeste e sudeste do Brasil
A reentrada cruzou os céus de várias cidades brasileiras, especialmente nos estados de Minas Gerais e Bahia. Testemunhas relataram um brilho intenso, típico de objetos espaciais se desintegrando na atmosfera. O atrito com as camadas superiores do ar gerou uma bola de fogo, seguida de rastros luminosos que se dissiparam em poucos segundos.
Vídeos e fotos feitos por moradores viralizaram rapidamente, registrando o momento em que o “clarão” cortou o céu noturno.
Por que o Brasil é rota frequente desses eventos?
A localização geográfica do Brasil, próxima à linha do Equador, aumenta a probabilidade de o país ser sobrevoado por objetos em órbitas geossíncronas ou de alta excentricidade. Segundo estudo da Mashable (2022), detritos espaciais acabam se concentrando em regiões equatoriais, fenômeno que afeta especialmente países do chamado “sul global”.
Embora lançamentos como o do Falcon 9 sejam realizados por países como Estados Unidos ou China, seus efeitos se manifestam também em regiões como a América do Sul, onde não há programas espaciais de mesma escala.
Fragmentos não atingiram áreas povoadas
De acordo com a Aerospace Corporation, estima-se que entre 60% e 80% da massa de um rocket body seja consumida durante a reentrada, devido ao calor extremo do atrito com a atmosfera. Apenas pequenos fragmentos podem resistir ao processo, e neste caso, caíram no oceano, sem oferecer riscos a áreas habitadas.
O Observatório Nacional, em colaboração com o projeto Exoss, segue acompanhando e divulgando informações sobre fenômenos de reentrada e detritos espaciais que cruzam o céu brasileiro.
Sobre o Exoss
Apoiada pelo Observatório Nacional (ON/MCTI), o EXOSS é uma rede colaborativa, que busca conhecer as origens, natureza e caracterização de órbitas dos meteoros. Para isso, integra as estações de monitoramento montadas por seus associados, obtendo imagens em diversos locais – entre os quais, na sede do Observatório Nacional, no Rio de Janeiro, e no Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI), também do ON, em Itacuruba, Pernambuco.
Essa rede reúne e analisa, ainda, os relatos e imagens enviadas pelo público. Na página da EXOSS na Internet é possível obter mais informações sobre a rede e ver maneiras de colaborar. Saiba mais.
Fonte Observatório Nacional
Comentários