HUSM-UFSM inova com cirurgia cardíaca minimamente invasiva

Novo procedimento acelera recuperação e traz benefícios a pacientes do SUS


Uma boa notícia para quem precisa de cirurgia no coração pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No dia 2 de abril, a equipe da Unidade do Sistema Cardiovascular do Hospital Universitário de Santa Maria da Universidade Federal de Santa Maria (HUSM-UFSM), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), realizou a primeira cirurgia cardíaca minimamente invasiva videoassistida. A técnica foi usada para corrigir um problema de nascença no coração, chamado comunicação interatrial (CIA), e precisou apenas de pequenos cortes no tórax do paciente. Atualmente, o HUSM está em processo de padronização e aquisição do instrumental necessário para realizar esses procedimentos pelo SUS.

A cirurgia utiliza um sistema de vídeo que amplia a imagem do coração, permitindo ao cirurgião operar com precisão. A chefe da Unidade do Sistema Cardiovascular, Luiza Cremonese, explicou que a técnica se consolidou como uma opção segura para o tratamento de doenças cardiovasculares. “A cirurgia minimamente invasiva permite acesso ao coração por mini incisões, utilizando instrumental cirúrgico específico e equipamentos de vídeo. Isso resulta em uma recuperação mais rápida e um período de internação reduzido. A equipe do HUSM se sente feliz em poder oportunizar essa tecnologia de ponta aos pacientes do SUS”, detalhou Luiza.

A equipe do HUSM realiza cerca de quatro cirurgias por semana, e essa foi a primeira com a nova técnica. O cirurgião cardiovascular Gerson Pereira de Oliveira está se aprimorando por meio do curso Minimally Invasive Heart Surgery (MICS), realizado em Curitiba/PR. “Todas as cirurgias cardíacas em adultos podem ser realizadas por essa técnica, mas é fundamental analisar cada caso individualmente”, explicou o médico.

Gerson destacou que “em vários centros ao redor do mundo, são realizadas cirurgias cardíacas com essa técnica, seja para revascularização do miocárdio, conhecida como ponte de safena, ou para trocas valvares – aórticas, mitrais e tricúspides. Também é possível realizar correções de aneurismas de aorta e de alguns defeitos congênitos no adulto”. No entanto, ele ressaltou que “casos em que o paciente já foi submetido a uma ou mais cirurgias no coração, ou pulmões, podem dificultar o acesso, exigindo um profissional com muita experiência ou a utilização da técnica convencional”.

O cirurgião também apontou as vantagens da abordagem minimamente invasiva: “Quando comparada à técnica convencional, ela permite que o paciente tenha um tempo de internação

reduzido, tanto na UTI quanto no quarto, retornando mais rapidamente para casa e para suas atividades. Além disso, o uso de hemoderivados, como transfusões de sangue, é menor, diminuindo o risco de infecções”.

O enfermeiro especializado em circulação extracorpórea e perfusionista da cirurgia, Victor do Espírito Santo Rodrigues, explicou sua função durante o procedimento. “Sou responsável por comandar a máquina que substitui o coração e os pulmões durante a cirurgia cardíaca, enquanto esses órgãos ficam parados para que o cirurgião possa repará-los. O sangue é desviado do paciente, oxigenado no circuito extracorpóreo e bombeado de volta à circulação sistêmica com uma bomba centrífuga, que funciona como um coração artificial”, detalhou.

Além disso, Victor destacou as particularidades da cirurgia cardíaca minimamente invasiva. “Para esse tipo de procedimento, precisamos alterar alguns pontos de canulação e ajustar a estratégia de condução da circulação. Isso torna a cirurgia mais complexa no transoperatório, mas com a vantagem de uma recuperação mais rápida para o paciente”, afirmou.

Esses tubos, chamados cânulas, são colocados em pontos específicos para desviar o sangue do paciente durante a cirurgia. Por isso, a cirurgia minimamente invasiva exige mais tempo para preparar o paciente na sala de cirurgia, devido à complexidade dos procedimentos necessários para conectar o paciente à máquina de circulação extracorpórea. Embora isso prolongue o tempo da cirurgia, o paciente se beneficia de uma recuperação mais rápida e de uma evolução mais positiva no pós-operatório imediato.

O enfermeiro Victor também reforçou os benefícios da técnica: “É uma abordagem com resultados consolidados, com riscos e resultados semelhantes aos das cirurgias convencionais. A principal vantagem para o paciente é a recuperação mais rápida, com uma melhor evolução no pós-operatório, menor tempo de internação na UTI e o retorno precoce às atividades normais”.

Para o cirurgião Gerson, “o HUSM é um hospital que está sempre em busca de inovação, e na cardiologia isso não é diferente. O apoio da direção tem sido fundamental, pois estamos adquirindo novos equipamentos para a realização desses procedimentos, além dos que já possuímos. Isso nos proporciona mais segurança para trabalhar”.

Ele também ressaltou que “a população atendida pelo HUSM reconhece o empenho de toda a equipe em oferecer técnicas inovadoras, que trarão benefícios significativos na recuperação dos pacientes. Além da parte cirúrgica, o serviço de reabilitação é igualmente importante e tem demonstrado resultados excelentes”.

Sobre a Ebserh

O HUSM-UFSM faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.

 

Fonte e fotos Por Andreia Pires

Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh