Produtores alertam que alta do leite ao consumidor não reflete preço ao produtor


O mercado de leite está enfrentando uma situação alarmante. Enquanto os consumidores pagam cerca de R$ 7,00 por litro de leite, os produtores recebem em torno de R$ 2,50, com pouquíssimos alcançando R$ 3,00, graças a negociações especiais com as indústrias. O alerta é do presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang. Para o dirigente, essa disparidade extrema entre o preço pago pelo consumidor e o valor recebido pelo produtor está desequilibrando toda a cadeia de produção.
Conforme Tang, produtores e consumidores são os elos mais fracos dessa cadeia. “Como representantes dos produtores de leite, consideramos inaceitável que, enquanto o consumidor paga aproximadamente sete reais por litro, o preço de referência para os produtores no Estado seja de apenas R$ 2,43. Embora alguns produtores consigam um pouco mais, a maioria fica na faixa de R$ 2,50 a R$ 2,60, com raríssimos atingindo R$ 3,00”, destaca.
O presidente da Gadolando reforça que os produtores entendem que o leite precisa ser industrializado e embalado, o que gera custos, e que todos os envolvidos no processo precisam ser remunerados. “No entanto, essa disparidade é um exemplo claro do desequilíbrio que temos apontado. Produtores e consumidores são os mais prejudicados. Os produtores enfrentam enormes dificuldades, exacerbadas pelas condições climáticas adversas dos últimos três anos, que elevaram os custos de produção. O preço pago pelo leite raramente cobre estes custos, desestimulando o consumo e gerando informações equivocadas para os consumidores urbanos, que muitas vezes culpam os produtores pela alta dos preços”, salienta.
Tang reforça a ideia de que os produtores precisam se aproximar dos consumidores para esclarecer que essa grande diferença no preço não está beneficiando os produtores. “É crucial informar corretamente e buscar um equilíbrio que beneficie toda a cadeia produtiva”, complementa.

Foto: JM Alvarenga/Divulgação
Texto: Nestor Tipa Júnior/AgroEffective