Seca já influencia preços no gado e causa falta de animal bem acabado para abate


Após os preços do gado no final de 2024 terem subido acima da perspectiva dos consultores de mercado, os pecuaristas gaúchos verificaram que o começo deste ano está registrando uma subida de menor intensidade, apesar de ser um movimento constante. A avaliação é da Comissão de Relacionamento com o Mercado do Instituto Desenvolve Pecuária.
A seca deste verão está causando uma escassez de gado com bom acabamento disponível para o abate, afirma a presidente da Comissão, Fernanda Costabeber. “Observamos um aumento do envio para abate de animais com pouco acabamento de gordura, gado leve, devido a alguns produtores estarem com necessidade de tirar o gado do campo em função da seca que está se apresentando”, explica. Apesar disso, os preços estão relativamente estáveis, com uma tendência de subir devido à falta de oferta.
Esse aumento de preço juntamente com a falta de oferta de gado local para abate está gerando um aumento da importação de carnes provenientes de outros estados, por parte dos frigoríficos. “Essa é uma das maneiras dos frigoríficos ajustarem a relação oferta, preço e demanda. Outro ponto a favor dos preços estáveis com tendência de alta é a exportação, que está muito forte devido à alta do dólar. Já o mercado interno a gente não sabe até que ponto ele vai absorver esse aumento de preços ou se vai frear o consumo. É importante acendermos um alerta a respeito da economia brasileira e o aumento da inflação, visto que o mercado interno é o maior cliente da nossa carne hoje. Vamos aguardar os próximos capítulos para ver”, estima Fernanda.
Mesmo com melhores preços registrados em relação aos de 2024, a dirigente do Desenvolve Pecuária recomenda que os pecuaristas tenham cautela no momento da venda e reposição do gado. “Não se sabe até quando vai subir o preço do gado e qual vai ser o teto, pois só o conheceremos quando o preço começar a cair. Os preços dos insumos também aumentaram, devido a alta do dólar, reduzindo a margem do produtor”, afirma, destacando que a seca e a necessidade de retirada dos animais do campo podem gerar um desequilíbrio “na conta” futuramente.

Foto: Eduardo Marcanth Rosso/Divulgação
Texto: Ieda Risco/AgroEffective